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Bom, a viagem para os Açores começou então em Abril. Tive de embarcar no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, com hora prevista de chegada às 12:30h no Faial. Saí do continente com temperaturas a rondar os 30ºC e mal cheguei, tive um vislumbre do que era os Açores: húmido, frio e com muito nevoeiro! Obviamente que estas são as condições normais de um dia inverno não é? Mas para grande surpresa, as coisas mudaram do nada! A casa do “trabalho” por assim dizer, onde a equipa dos observadores ficava hospedada durante a formação, situava-se na Madalena, na ilha do Pico (ilha muito próxima do Faial, para quem não sabe).
Bem, qual é o meu espanto, que ao lá chegar (de ferry claro) a temperatura estava bastante agradável! Havia até umas piscinas encaixadas na escarpa das rochas, perto de casa, ou seja, o verdadeiro show! “Nem é tarde nem é cedo, com este calor, vai já um mergulho!” E assim foi! Eu e outro conterrâneo nortenho, habituados ao “quentinho” da água atlântica, lá fomos! E não é que fomos logo testados com a famosa “quatro estações num dia”?! No final do banho, em águas ainda um pouco fresquinhas, eis que se levanta assim um vento, que nos obrigou a um recolher antecipado. Isto, ao mesmo tempo que o sol se ia encobrindo… No final da tarde, a visão da janela era o autêntico inverno puro e duro!! Nessa mesma noite, se quis ir tomar um cafezito ao nosso spot Via, só de quispo, sim, quispo! Inédito! Tudo isto no mesmo dia! E querem saber o resultado?! Uma ganda constipação claro ahahah
Durante duas semanas tivemos então formação no Faial, no DOP – Departamento de Oceanografia e Pescas, o que implicava fazer duas viagens por dia de barco, do Pico para o Faial e vice-versa. Estas viagens duram cerca de meia hora e são asseguradas pela companhia de transporte marítimo dos Açores, a Atlanticoline, e os navios que fazem a ligação entre as duas ilhas são o Gilberto Mariano e o Mestre Simão.
Pode dizer-se que são navios bastante compostos, com três pisos, dois fechados, com bancos confortáveis, onde há bar, TV, mesas e Internet disponível, e o topo, aberto, para se apreciar a paisagem dos ilhéus.
Tem ainda espaço para levar alguns carros e bagagem, para quem se encontra de viagem: sim, existe uma espécie, de mini check-in nas zonas de embarque, onde se pode colocar toda a bagagem que quiser, sem custos extras e eles carregam-na por ti, top! É só apresentar o bilhete de embarque e está feito. No entanto, existe um fator contraditório à cultura portuguesa, que é… Os barcos saem sempre à hora exata!! Mas exata mesmo, quando às vezes não sai tipo 1 ou 2 minutos antes… Deveras impressionante! Não é como no continente, onde às vezes se esperam horas e querem lá saber…
E agora devem estar a pensar: “E então o mar? Como eram as viagens, calmas ou agitadas?” É assim, por norma, o mar dos Açores é como uma mulher bipolar: no verão é super calmo, no inverno é extremamente assustador… Mas, claro que podem haver exceções, e no meio dos dias bons, lá vem um menos bom, e sim, é o suficiente para que estes barcos durante as travessias entre ilhas se mexam um pouco… Levando as pessoas a chamar pelo gregório :D
No meu caso, cheguei a apanhar dois dias de mau tempo, até porque davam alerta amarelo ou laranja e nesse caso ponderou-se se os barcos sairiam ou não. Saíram e não houve problema nenhum, apenas, agitação bastante.
A formação em si, contou com a colaboração de vários professores e investigadores do DOP, que nos deram conteúdos sobre as espécies marinhas que devíamos dominar, como os cetáceos, as aves, as tartarugas e claro está, as espécies piscívoras. Tivemos ainda que saber quais as zonas marítimas protegidas, o estado do clima e como funcionam as correntes, a influência da temperatura e ainda fazer umas sessões práticas de segurança no mar (que vai dar direito a um post inteirinho claroooo!)
E antes de embarcar foi basicamente isto, aqui ficam algumas fotos entre a Madalena e a Horta, por onde passava normalmente.
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